A Inquisição.

Algo que muito se fala, e poucos conhecem de fato. A Inquisição Espanhola por exemplo, permanece até os dias de hoje no senso comum, como a representação máxima de intolerância religiosa no imaginário popular.
Antes de começar, a os palpiteiros de plantão, pergunte inicialmente assim:
É simples. Quando alguém ataca a Idade Média não quer atacar um período, quer atacar uma instituição: Igreja Católica. É contra a cristandade que se lançam, não contra outras coisas.
Bem verdade é que essas pessoas sabem pouquíssimo sobre a Idade Média. Quer testar?
(Caso entre numa conversa pessoalmente onde alguém diga algo do tipo.)
- Entendo, mas você sabe quando a Idade Média começou, ao menos?
- Que fato marca o início da Idade Média?
- Qual a primeira nação católica da Idade Média?
- Ano do batismo de Carlos Magno?
- Segunda invasão dos bárbaros?
- Ano da Inquisição?
- Algum país ordenou a pena capital para heresia antes do início da Inquisição?
- Nome de três papas medievais?
- Nome de dois autores escolásticos?
- O que eram ordálias?
- Inquisição protestante?
E garanta a confusão...

Enfim, vamos lá, os tribunais da Inquisição somente julgavam católicos, ou quem se dissesse católico, pois era um tribunal interno, destinado a fiscalizar a ortodoxia dos ensinamentos que se transmitissem em nome da Igreja. Judeus, muçulmanos ou quaisquer outros estavam fora da jurisdição inquisitorial, a não ser que se proclamassem católicos e ensinassem como católica alguma doutrina que não o fosse.
Todavia bastaria isto para eliminar desde logo a ideia de que a Inquisição tivesse algo a ver com a imposição forçada goela abaixo da cristandade a toda a humanidade.
Como hoje se sabe, e muitos historiadores comprovam, a crença popular de que a Inquisição promovesse homicídios ou um genocídio em massa é incompatível com o estado atual dos conhecimentos históricos.
A melhor fonte para o estudo do assunto são as atas do congresso mundial de historiadores (os maiores especialistas da matéria, incluindo judeus e ateus) realizado em Roma. "L'Inquisizione, Atti del Simposio Internazionale, Città del Vaticano, 29-31 Ottobre 1998", Biblioteca Apostolica Vaticana, 2003.
Mas se mesmo após esse Congresso, insistir na "lenda negra" dos homicídios em massa (alguns falam de "genocídio") é um abuso eminente do 'direito' à ignorância.
A Santa Inquisição, que a cultura "moderna" pregou o rótulo como o símbolo máximo da prepotência repressora, chamava-se "inquisição" precisamente porque inquiria, o que isso significa? Significa, que fazia perguntas e deixava o acusado responder.
A palavra "inquisitório" se opõe a "acusatório".
Porque? Pois bem, de costume processual nos séculos bárbaros, a acusação reforçada por um juramento, se preciso, sustentada em duelo, ou alguma autoridade, logo já bastava como garantia legal para enviar o réu para o outro mundo.

Porém a Inquisição proibiu tal método acusatório, fazendo do direito de defesa, para a racionalidade da prova.
Dito tudo isto, pergunto: que imagens nos vêm à mente quando pensamos na palavra "Inquisição"?
Há um imenso número de pessoas, que mais que imediatamente visualiza cenas de tortura e pessoas inocentes sendo queimadas na fogueira.
É comum ouvirmos gravíssimas acusações contra a Igreja toda vez que se toca neste assunto, ou coisas como "Somos Netas das Bruxas" e blá blá blá.
Muitos acham que a Igreja, se cometeu atrocidades no passado, não merece crédito hoje.
Por pura ingenuidade e desconhecimento da História, por pura ignorância histórica, muitos católicos não sabem o que responder.
A primeira pergunta a se fazer para quem critica a Igreja por conta da Inquisição é: quais livros você leu sobre o assunto?
Muitas pessoas têm o péssimo hábito de afirmar categoricamente, como se fossem verdades absolutas, coisas das quais apenas ouviram falar, que viram em algum filme ou leram em alguma revista. Assim não dá para se discutir nada a sério.
Não negamos que a Inquisição cometeu abusos - alguns graves -, mas lembramos ao leitor: se você quer ser honesto, precisa procurar conhecer a verdade dos fatos antes de formar opinião, pelo menos seu contexto histórico.
Neste artigo, buscamos lançar alguma luz sobre a questão, com fundamentação na História real. Não na imaginação.
É fundamental conhecer o contexto mental, histórico, cultural e político da época. O maior de todos os erros ao se analisar este assunto é querer julgar fatos ocorridos numa outra era usando os padrões de moral de hoje.
A mentalidade, os valores éticos e os conceitos de moral mudam (normalmente progridem) com o passar do tempo. Sem a consciência de que a moral humana evolui é inviável analisar acontecimentos antigos.
Séculos de falsificação da história e propaganda falsa tem convencido a maioria das pessoas - católicos estão incluídos - que a Inquisição foi uma das instituições mais más que já foram inventadas.
Para a ignorância e "sensibilidade" do nosso século, falar de "Santa" e "Inquisição" na mesma frase parece uma "contradição".
Nunca houve um assunto tão escrito, como a Santa Inquisição. A mentalidade moderna tem uma dificuldade natural na compreensão de uma instituição como a Inquisição, porque o processo inquisitorial não foi baseado em doutrinas liberais, a mente moderna tem dificuldade em compreender a crença religiosa como algo objetivo, fora do âmbito do julgamento privado "livre".

A mente moderna não consegue ver a Igreja Católica como uma sociedade, onde a ortodoxia deve ser mantida a qualquer custo.
A intolerância religiosa não é um produto exclusivo da Idade Média: em todos os lugares, pessoas perturbavam e perturbam o bem comum e a paz pública tanto quanto causam dissensões religiosas e conflitos.
Já na Idade Média, tornou-se aceito que o tipo mais grave de crise foi o que ameaçava a unidade e a segurança da Igreja, e não proceder contra os tais falados "hereges" com todos os meios à disposição da sociedade cristã, não só era tola, mas uma traição ao próprio Cristo.
O conceito moderno do Estado secular, neutro em relação a todas as religiões, teria chocado a mente medieval.
Os homens modernos experimentam dificuldade em compreender esta instituição, porque eles perderam de vista três fatos. Primeiro de tudo, eles deixaram de compreender a crença religiosa como algo objetivo, como um dom de Deus e, portanto, fora do âmbito do julgamento privado.
Em segundo lugar, já não veem na Igreja uma sociedade perfeita e soberana, baseada substancialmente em uma pura e autêntica revelação, cujo primeiro e mais importante dever deve ser de naturalmente manter imaculado este original depósito da fé.
Que a ortodoxia deveria ser mantida a qualquer custo parecia evidente para a mente medieval. A heresia, uma vez que afetava a alma, era um crime mais perigoso do que o assassinato, uma vez que a vida eterna da alma valia muito mais do que a vida mortal da carne.
Finalmente, o homem moderno perdeu de vista uma sociedade em que a Igreja e o Estado constituem uma forma de governo coeso. A autoridade espiritual estava inseparavelmente entrelaçada com a secular da mesma forma que a alma se une com o corpo. Dividir os dois em compartimentos separados teria sido impensável. O Estado não pode ser indiferente sobre o bem-estar espiritual em seus assuntos sem ser culpado de traição ao seu primeiro Soberano; Jesus Cristo.
Como observa William Thomas Walsh em Caracteres da Inquisição, a supressão positiva da heresia pelas autoridades eclesiásticas e civis na sociedade cristã é tão antiga como o monoteísmo em si.
O mito da Inquisição tomou forma nas mãos dos "reformadores anti-hispânicos e religiosos no século 16".
Foi uma imagem montada a partir de um corpo de lendas e mitos, que tomou forma no contexto da intensa perseguição religiosa do século 16.
A repressão religiosa contra cristãos provocou na Inglaterra mais mortes do que na Espanha, onde "morreram acusadas de heresia menos pessoas do que em qualquer país da Europa".

Antes de falar de Inquisição, pelo menos compreenda o significado das palavras... depois vamos a entender a Inquisição e as Inquisições.
Dizem sobre "milhares de mortos", em primeiro lugar, em se tratando de número de mortos na Inquisição, a imprecisão dos registros históricos indica que os historiadores contemporâneos são forçados a extrapolar com base em informações limitadas que eles possuem, à grande divergência de cálculos sobre o número de mortes, o que também decorre da fusão ou exclusão da Inquisição com outros eventos da história europeia.
Em sentido muito restrito, o termo "Inquisição" refere-se a processos oficiais conduzidas pelas autoridades católicas romanas em lugares como Espanha e Portugal.
Quando a questão é limitada a apenas essas inquisições, o número de executados provavelmente se resume a casa dos milhares.
Portanto, é importante especificar a diferença entre a referência aos mortos pela Inquisição e em outros acontecimentos promovidos no catolicismo da época.
A luz da pesquisa moderna somos forçados a aceitar um mínimo número de mortes pela Inquisição.
Houve também a "Inquisição protestante" algo que ocorreu como a Inquisição Católica, porque os princípios eram diferentes, o termo "Inquisição protestante" é utilizado para representar o mecanismo de repressão religiosa utilizado pelos principais "reformadores" e principalmente nos países calvinistas que é análogo a Inquisição Católica.
A Inquisição só foi formalmente abolida no início do século XIX, desde 1483 até sua abolição, muitas coisas podem ser vistas nos escritos de Henry Kamen, que é uma das maiores autoridades sobre a Inquisição espanhola. Seu trabalho em A Inquisição espanhola é publicado pela Yale University Press (quarta edição, 2014).
A pesquisa de Kamen levou-o a concluir:
"Podemos com toda a probabilidade aceitar a estimativa, feita com base na documentação disponível, que um máximo de três mil pessoas podem ter sofrido morte durante toda a história do tribunal" (. P 253).
Os historiadores também notam que na Espanha do século XVI (durante o auge da Inquisição espanhola) só tinha uma população total de cerca de 7,5 milhões de pessoas (cf. John Huxtable Elliott, Espanha e seu mundo, 1500-1700 [Yale University Press, 1989], 223). Por conseguinte, a noção de que a Inquisição espanhola poderia ter causado a execução de dezenas de milhões de pessoas durante esse mesmo período de tempo, parece matematicamente insustentável.
É preciso distinguir entre mortos diretos e vítimas consequentes, alguns historiadores anteriores parecem ter confundido o número de pessoas mortas com o número total de pessoas perseguidas pela Inquisição.
Em outras palavras, quando se fala em "vítimas da Inquisição", eles não especificam entre os que foram executados e aqueles que eram apenas presos ou forçados a fugir por causa da perseguição em erupção.

David Plaisted (professor de ciência da computação na UNC) observa essa possibilidade em seu estudo intitulado "As estimativas do número de mortos pelo Papado na Idade Média". Ele afirma que o número de execuções durante a Inquisição espanhola poderia ser um pouco maior do que apenas alguns milhares. No entanto, ele reconhece que os números muito altos (fornecidos por alguns historiadores anteriores) podem incluir todos os que foram levados a julgamento, e não apenas aqueles que foram mortos.
Além disso, algumas das maiores estimativas prováveis incluem não-protestantes (como populações judaicas e muçulmanas) que foram expulsos da Espanha, como resultado da perseguição.
Se assim for, isso ajuda a explicar onde essas grandes estimativas se originaram.
É também preciso distinguir, como eu disse acima, entre Inquisição e outros eventos.
E como tocamos no assunto sobre Inquisição Protestante, caso alguém diga "Inquisição protestante não existiu", coloco aqui o relato de Philip Schaff, Historiador protestante e anticatólico (conhecido por sua celebre tradução dos padres da Igreja para o Inglês), sobre a inquisição protestante, dando como exemplo a condenação por Heresia de Servetus em seu julgamento em Genebra feito por Calvino, o relato está presente em sua obra de vários volumes sobre a História da Igreja Cristã, disponível neste site Calvinista: <https://www.ccel.org/ccel/schaff/hcc8.iv.xvi.iv.html>.
Pouparemos-nos de quaisquer comentários maiores, portanto este artigo se dirige mais a relatar alguns mitos e indicar leituras e historiadores, do que a expressar toda a estrutura do acontecimento histórico em um simples artigo, e qualquer reclamação, tentem ressuscitar Philip Schaff para os ouvir.
Obs: Tratamos aqui como "inquisição", a prática da punição de hereges com morte, tortura, prisão ou exilio.
Católicos recalcitrantes foram perseguidos e mortos, igrejas e mosteiros arrasados, livros católicos queimados. Tribunais religiosos (inquisições) foram criados para condenar os católicos clandestinos. Cf. (Westminster Review, Tomo LIV, p. 453 )
O Protestante Teodoro Bessa, em 1554, pediu o uso da força pública contra os católicos;
Um dos livros é História da Igreja - de lutero até a nossos dias, editora loyola, escrito por "Giacomo martina, neste livro a várias citações do Historiador protestante :"Henry Charles Lea"
Paul Johnson sobre a caça às bruxas pelos "reformadores":
"Além disso, ambos católicos e reformadores tenderam a caçar bruxas, como eles caçavam anabatistas, para demonstrar sua pureza doutrinária e fervor. Com a exceção de Zwinglio, os reformadores alemães aceitaram a mitologia de bruxaria. Lutero pensou que as bruxas deveriam ser queimadas por fazer um pacto com o diabo, mesmo que não prejudicasse ninguém, e ele participou da queima de quatro delas em Wittenburg. Os protestantes invocavam Êxodo 22,18: "Tu não deves deixar uma bruxa viva".
Como Calvino disse: "A Bíblia nos ensina que existem bruxas e que devem ser mortas... esta lei de Deus é uma lei universal". Os calvinistas, na verdade, eram muito mais ferozes contra as bruxas do que os luteranos. Em seu conjunto, os protestantes anglicanos não estavam interessados na caça de bruxas, e durante todo o período de 1542 a 1700 menos de 1.000 foram executadas (por enforcamento) na Inglaterra, contra 4.400 na Escócia calvinista durante noventa anos a partir de 1590. O pior ano na Inglaterra foi 1645, quando os presbiterianos calvinistas estavam no poder. Onde os ingleses calvinistas podiam, eles propagavam a caça às bruxas. O Bispo Jewel, que viveu no exílio em Genebra, trouxe esta prática consigo em seu retorno em 1559; e na década de 1590, o calvinista William Perkins falou sobre o assunto no Emmanuel College, Cambridge, uma instituição Puritana, onde alguns dos fundadores da Nova Inglaterra foram educados. Onde quer que o Calvinismo se tornasse forte, bruxas foram sistematicamente caçadas. " (Paul Johnson - A History of Christianity Pg. 416)

Outras citações de suas obras poderiam ser citadas, tais como as de sua obra sobre a História dos Judeus na qual ele relata a perseguição e ódio de Lutero a judeus.
Apesar das ficções góticas convincentes, a evidência nos leva a uma conclusão totalmente diferente.
Os procedimentos da Inquisição são bem conhecidos através de toda uma série de bulas papais e outros documentos oficiais, mas, principalmente, por meio de tais formulários e manuais como foram preparados por São Raimundo Penaforte (1180-1275 d.C), o grande canonista espanhol, e Bernard Gui (1261-1331), um dos inquisidores mais célebres do início do século 14.
Os inquisidores eram certamente interrogadores, mas eles eram especialistas teológicos que seguiram as regras e instruções meticulosamente e foram demitidos e punidos quando eles mostraram muito pouca consideração pela justiça.
Quando, por exemplo, em 1223, Robert de Bourger anunciou alegremente seu objetivo de queimar os hereges, e não os converter, ele foi imediatamente suspenso e preso por toda a vida por Gregório IX.
Os procedimentos inquisitoriais foram surpreendentemente justos e até mesmo brandos, se em contraste com outros tribunais seculares em toda a Europa no momento, eles aparecem como quase iluminados.
O processo começava com uma convocação dos fiéis à igreja onde o inquisidor pregava um sermão solene, o Edit de foi. Todos os hereges eram instados a se apresentar e confessar os seus erros. Este período foi conhecido como o "tempo de graça", que geralmente durava entre 15-30 dias, durante os quais todos os transgressores não tinham nada a temer, já que a eles era prometida a readmissão à comunhão dos fiéis com uma penitência adequada após a confissão de culpa.
Bernard Gui afirmou que este tempo de graça era uma instituição mais saudável e valiosa e que muitas pessoas foram reconciliadas assim.
Pois o principal objetivo do processo era colocar o herege de volta à graça de Deus; apenas por teimosia persistente que ele iria ser cortado da Igreja e abandonado à mercê do Estado. A Inquisição foi antes de tudo um escritório penitencial e proselitista, e não um tribunal penal.

Ao menos que isto seja claramente reconhecido, a Inquisição aparece como uma monstruosidade ininteligível e sem sentido.
Em teoria, era um pecador, e não um criminoso, que estava diante do Inquisidor.
Se a ovelha perdida voltou para o redio, o Inquisidor era bem-sucedido. Se não, o herege morreu em rebelião aberta contra Deus e, na medida em que o inquisidor estava em causa, a sua missão era um completo fracasso.
Durante este tempo de graça, os fiéis eram ordenados a fornecer informações completas ao inquisidor sobre quaisquer hereges conhecidos por eles.
Se ele pensava que havia motivos suficientes para proceder contra uma pessoa, um mandado era expedido para ele e ordenava a sua comparência perante um inquisidor em uma data especificada, sempre acompanhado por uma declaração escrita cheia de provas detidas pelo Inquisidor contra ele.
Finalmente, poderia ser emitida uma ordem formal de prisão. Se o acusado não comparecesse, o que raramente ocorria, ele se tornaria um excomungado e um homem proscrito, isto é, ele não poderia ser protegido ou alimentado por qualquer pessoa sob pena de excomunhão.
Embora os nomes das testemunhas contra os acusados eram suprimidos, ao acusado era dado a oportunidade de se proteger de acusações falsas, dando ao inquisidor uma lista detalhada dos nomes dos inimigos pessoais.
Com isso, ele teria conclusivamente invalidado determinado testemunho contra ele.
Ele também tinha o poder de apelar para uma autoridade superior, até mesmo o papado se necessário fosse. A vantagem final do acusado era que as testemunhas falsas eram punidas, sem misericórdia.
Por exemplo, Bernard Gui descreve um pai que falsamente acusou seu filho de heresia, a inocência do filho rapidamente veio à luz, e o pai foi preso e condenado a prisão perpétua.
Em 1264 Urbano IV acrescentou ainda que o inquisidor deve apresentar as provas contra o acusado a um corpo de periti [peritos] ou boni viri [bons homens] e aguardar o seu julgamento antes de prosseguir para a sentença.
Agindo mais ou menos na capacidade de jurados, este grupo poderia ser de 30, 50, ou mesmo 80. Isto serviu para diminuir a enorme responsabilidade pessoal do inquiridor.
Novamente, é importante enfatizar que este era um tribunal eclesiástico, que não declarou nem exerceu qualquer jurisdição sobre pessoas de fora da família da fé, isto é, o infiel professo ou o judeu.
Somente aqueles que tinham sido convertidos ao cristianismo e tinha posteriormente revertido à sua antiga religião estavam sob a jurisdição da Inquisição medieval.
A tortura foi autorizada pela primeira vez por Inocêncio IV na bula Ad Extirpanda de 15 de Maio, 1252, com limites que não poderiam causar a perda de um membro ou pôr em perigo a vida, só podia ser aplicada uma vez, e apenas se o acusado já parecesse praticamente condenado de heresia por provas múltiplas e determinadas.

Certos estudos objetivos realizados por estudiosos recentes têm argumentado que a tortura era praticamente desconhecida no processo inquisitorial medieval.
O registro de Bernard Gui, o inquisidor de Toulouse por seis anos, que examinou mais de 600 hereges, mostra apenas uma instância em que foi usada tortura.
Além disso, nas 930 sentenças registradas entre 1307 e 1323 (e vale a pena notar que registros meticulosos foram mantidos por notários pagos escolhidos entre tribunais civis), a maioria dos acusados foi condenada à prisão, ou ao uso de cruzes, e penitências.
Apenas 42 foram abandonados ao braço secular e queimados.
Lendas sobre a brutalidade da Inquisição no que diz respeito ao número de pessoas condenadas à prisão e daquelas abandonada ao poder secular para serem queimadas na fogueira têm sido exageradas através dos anos.
Trabalhando com cuidado a partir de registos existentes e documentos disponíveis, o professor Yves Dossat estimou que na diocese de Toulouse 5.000 pessoas foram investigadas durante os anos de 1245-1246.
Destes, 945 foram julgados culpados de heresia ou envolvimento herético. Embora 105 pessoas foram condenadas à prisão, 840 receberam penitências menores.
Após análise cuidadosa de todos os dados disponíveis, Dossat concluiu que em meados do século 13, apenas um em cada cem hereges condenados pela Inquisição eram abandonados ao poder secular para execução, e apenas 10-12 por cento, receberam sentenças de prisão.
Além disso, os inquisidores muitas vezes reduziam as sentenças a penitências menores. O grande número de queimados detalhados em várias histórias são geralmente não autênticos, ou são uma invenção deliberada de propagandistas anti-católicas de séculos posteriores.
A partir da evidência crescente, parece seguro afirmar que a integridade geral do Santo Ofício foi mantida em um nível extraordinariamente elevado, muito maior do que a dos tribunais seculares contemporâneas ou posteriores.
Isto quando não ocorre o erro, entre uma e outra inquisição, como dito a protestante, por exemplo, que não tratamos mais detalhadamente neste artigo.
POR: VINICIUS OLIVEIRA.