As Cruzadas, o que realmente foram?

22/01/2018

Pouquíssimas coisas me chamam mais a atenção do que ouvir os "especialistas" ou palpiteiros mesmo, sobre as Cruzadas.

Ignorância e má-fé é o que se encontra de modo a se multiplicar prodigamente e deformam a verdade de tal modo que a mentira reina quase de maneira absoluta.

Toda a fé católica é reduzida a um vulgar "conjunto de crenças", os nobres e humildes exércitos cruzados são considerados assassinos cruéis, sanguinários e implacáveis, ao ponto de muitas falácias como se eles fossem uma grande besta, ou algo do tipo, ser dito. Enquanto isto já a os muçulmanos, os invasores das terras dos judeus e dos cristãos, estes são retratados como "vítimas inocentes e mestres da tolerância religiosa". São tantas falácias e absurdos de "argumentos" que me é difícil escrever sem me entristecer de indignação.

As Santas Cruzadas nada mais foram do que a resposta desesperada da Cristandade para não sucumbir diante da tirania de um inimigo violento e pretensamente dominador, foram sim uma guerra defensiva antes de tudo.

Mas não nos enganemos, pelo menos eu não tenho mais esperança que a Verdade seja respeitada nas escolas, nas universidades e nos programas de televisão, mas ao menos espero que os cristãos em geral e os católicos, em especial, não se deixem jamais enganar e façam um "mea culpa" absolutamente indevido, que não se envergonhem e tragam à tona a luz da verdade sobre fatos históricos.

Muitos falam, poucos conhecem, quase todos desconhecem, todos os acontecimentos das oito santas Cruzadas foram, de fato, revestidos com a nobreza cavalheiresca e com o espírito cristão de "justa guerra" (São Tomás de Aquino fala a respeito, se toda guerra é errada), mas a esmagadora grande parte deles foi imantada com invulgar dignidade, magnífica justeza e efetivamente voltada à maior glória de Deus.

Mas qualquer um que queira intimidar os católicos não demorará a jogar-lhes no rosto as Cruzadas e a Inquisição.

As Cruzadas são com frequência apresentadas como um "exemplo clássico" do """mal que pode ser feito por uma religião organizada."""

"O homem moderno" tanto no Cairo como em São Paulo (ou onde queira), tende a concordar com a ideia de que as Cruzadas foram um ataque não-provocado, cínico e insidioso, promovido por fanáticos religiosos, contra o pacífico, "próspero e sofisticado mundo muçulmano da época."

Isso não foi sempre assim. E não é verdade.

Na Idade Média, não havia nem um cristão na Europa que não tivesse certeza de que as Cruzadas eram sumamente boas e justas. Os próprios muçulmanos respeitavam os ideais das Cruzadas e a nobreza dos homens que nelas lutavam.

As Cruzadas foram guerras contra um pacífico mundo muçulmano que nada fizera contra o Ocidente?

Não há nada de mais FALSO que isto. Desde os tempos de Maomé, os muçulmanos lançaram-se à conquista do mundo cristão. E fizeram um "belo" trabalho: após poucos séculos de incessantes conquistas, os exércitos muçulmanos tomaram todo o norte da África, o Oriente Médio, a Ásia Menor e a maior parte da Península Ibérica. Em outras palavras: ao findar o século XI, as forças islâmicas já haviam capturado dois terços do mundo cristão.

A Palestina, terra de Jesus Cristo, o Egito, berço do monarquismo cristão, a Ásia Menor, onde São Paulo estabeleceu as primeiras comunidades cristãs. Não conquistaram a periferia da Cristandade, mas o seu núcleo. E os impérios muçulmanos não pararam por aí: continuaram pressionando pelo Leste em direção a Constantinopla, até que finalmente a tomaram e invadiram a própria Europa.

Uma agressão não-provocada existiu sim, mas foi a muçulmana.

Chegou-se a um ponto em que só restava à Cristandade defender-se ou simplesmente sucumbir perante à conquista muçulmana. A Primeira Cruzada foi convocada pelo Papa Urbano II em 1095 para atender aos apelos urgentes do Imperador bizantino de Constantinopla, Aleixo I Comneno (1081-1118). Urbano convocou os cavaleiros cristãos para irem em socorro dos seus irmãos do Leste.

Foi uma obra de misericórdia: livrar os cristãos do Oriente de seus conquistadores muçulmanos. Proteger os peregrinos cristãos. Em outras palavras, as Cruzadas foram desde o início uma guerra defensiva. Toda a história das Cruzadas do Ocidente foi a história de uma resposta à agressão muçulmana.

Sobretudo as guerras islâmicas contra a Cristandade começaram muito antes que alguém sequer ouvisse falar de alguma Cruzada.

A alusão abusivamente indiscriminada às Cruzadas tem a intenção clara de convencer aos desavisados, de que são os muçulmanos que estão sendo atacados, ou que foram, e não nós quem estamos tentando nos defender da jihad, nada mais é, que sempre a mesma investida contra a cristandade.

Mais do que isso, a referência é criada para evocar sentimentos de culpa e derrotismo, onde muitos que têm vergonha da civilização ocidental e são indiferentes, para dizer o mínimo, à sua sobrevivência, e que desconhecem completamente qualquer que seja o fato sobre a história, antes de tudo, quem planeja tais metas, são os ideólogos de plantão.

Não surpreende. Mas vamos revisitar direito a história. As Cruzadas foram uma série de guerras iniciada pelos europeus ocidentais em resposta às devastadoras derrotas infligidas pelos turcos seljúcidas ao Império cristão Bizantino, a primeira Cruzada foi a mais bem-sucedida de todas, tomando o domínio de Jerusalém.

Mas os ganhos foram apenas temporários, requerendo o dispêndio de repetidos esforços para manter os pequenos Estados feudais construídos na Terra Santa. Acre, a última fortaleza dos cruzados, hoje localizada em Israel, veio abaixo no ano de 1291.

As Cruzadas, portanto, ocuparam um curto período de pouco mais de dois séculos e meio na história.

Exércitos muçulmanos varreram todo o norte da África e chegaram à Espanha em 711, só foram definitivamente parados na França por Carlos Martel, avô de Carlos Magno, no ano de 732. Sucessivos ataques continuaram em todo o Mediterrâneo, incluindo os cercos árabes de Constantinopla e as conquistas de Chipre, Sicília e Creta.

As terras conquistadas por eles (islâmicos), não eram domínios islâmicos livres de ocupação, mas terras cristãs cujos habitantes experimentaram os mesmos horrores, que por exemplo hoje passam a Síria, o Iraque e, agora, a Líbia: amputações, decapitações, escravidão e exploração sexual, tudo explicitamente autorizado pelo Alcorão.

Ao assistirmos os vídeos terríveis do Estado Islâmico hoje, decapitando pessoas e escravizando sexualmente mulheres, lembremo-nos de que essas cenas se repetiram milhares de vezes antes: em Jerusalém, no ano de 637; no Egito, em 639; na Espanha, em 711; e em Constantinopla, em 1453.

Mas com a única diferença é que hoje há câmeras e comunicação instantânea por todo o mundo.

Os cruzados só detiveram a jihad de 1110 a 1350, um curto período de tempo depois do qual ela foi retomada com força total.

É mais do que claro, quem são os verdadeiros agressores. Recorrer a um episódio histórico tão distante e particular para sugerir, ainda que de nodo remoto, uma explicação para, por exemplo, o que faz o Estado Islâmico hoje, não passa de desonestidade intelectual.

Os Templários deram bons e maus exemplos, desde o martírio à traição, também não nos apeguemos que tudo era mil maravilhas, não foi um belo fim, para que conheça mais, vale a pena ler a respeito, não há como redigir tudo em um simples artigo, uma boa historiadora se chama Bárbara Frale, também não nos apeguemos a maluquices de poderes místicos e etc.

Enfim; nada disto é motivo de vergonha, antes, pelo contrário, tem de ser o motor que nos tire do nosso comodismo e nos impulsione.

Eu me curvo e agradeço a bravos homens de fé que deram suas vidas para defender tudo aquilo que amo e valorizo.

Mas, cabe ainda uma indagação, toda guerra é errada? É pecado? Bom, como dito, São Tomás já nos respondeu, deixo aqui as palavras, texto etc., caso alguma dúvida leia a suma teológica.

São Tomás de Aquino:

Artigo 1 - Se guerrear é sempre pecado.

O primeiro discute-se assim. - Parece que guerrear sempre é pecado.

1. - Pois, a pena só se inflige ao pecado. Ora, o senhor inflige uma pena aos que guerreiam, conforme a Escritura: Todos os que tomarem espada morrerão à espada. Logo, toda guerra é ilícita.

2. Demais. - Tudo o que contraria o preceito divino é pecado. Ora, guerrear contraria o preceito divino; pois, diz a Escritura: Eu, porém, digo-vos que não resistais ao que vos fizer

mal;; e noutro lugar: Não vos vingueis a vós mesmos, ó caríssimos; mas daí lugar à ira. Logo, guerrear é sempre pecado.

3. Demais. - Nada contraria ao ato de virtude a não ser o pecado. Ora, a guerra contraria à paz. Logo, a guerra sempre é pecado.

4. Demais. - Todo exercício de uma atividade lícita é lícito, como o demonstra o exercício das ciências. Ora, os exercícios de guerra, que se fazem nos torneios, são proibidos pela Igreja, pois os que morrem em tais exercícios são privados da sepultura eclesiástica. Logo, parece que a guerra é, em absoluto, pecado.

Mas, em contrário, diz Agostinho: Se a disciplina cristã tivesse como culposas todas as guerras, no Evangelho se diria antes, aos que pedem um conselho de salvação, que lançassem de si as armas e abandonassem. Completamente a milícia. Ora, o Evangelho lhes diz: Não tratareis mal pessoa alguma e dai-vos por contentes com o vosso soldo. Aos que mandou ficar contentes com o soldo próprio não proibia guerrear.

SOLUÇÃO. - Para uma guerra ser justa, três condições se requerem.

Primeiro, a autoridade do chefe, por cuja ordem a guerra deve ser feita. Pois, não pertence a uma pessoa privada mover a guerra, porque pode buscar o seu direito particular, no tribunal do superior. Semelhantemente, também não pertence a uma pessoa privada convocar a multidão, o que deve ser feito, nas guerras. Por onde, como o cuidado da república foi cometido aos chefes, a eles lhes pertence defender a coisa pública da cidade, do reino ou da província que lhe está submetida. Ora, eles a defendem materialmente com a espada, contra os perturbadores internos, quando punem os malfeitores, segundo aquilo do Apóstolo: Não é debalde que ele traz a espada; porquanto ele é ministro de Deus, vingador em ira contra aquele que obra mal. Assim também, com a espada da guerra, pertence-lhes defender a coisa pública contra os inimigos externos. Por isso, a Escritura diz aos príncipes. Tirai ao pobre e livrai ao desvalido da mão do pecador. Donde o dizer Agostinho: A ordem natural, acomodada à paz dos mortais, exige se atribua ao príncipe a autoridade e a deliberação para empreender uma guerra.

Segundo, é necessária uma causa justa; isto é, que os atacados mereçam sê-lo, por alguma culpa. Por isso diz Agostinho: Costumam definir as guerras justas como as que vingam injúrias, quando uma nação ou uma cidade, que vai ser atacada pela guerra, ou deixou de castigar o que foi iniquamente jeito pelos seus membros, ou de restituir o de que se apoderou injustamente.

Terceiro, é necessário seja reta a intenção dos beligerantes, pelo que se entende o promoverem o bem ou evitarem o mal. Por isso diz Agostinho: Os verdadeiros adoradores de Deus consideram justas também as guerras feitas, não por cobiça ou crueldade, mas por desejo de paz, para que os maus sejam reprimidos e os bons socorridos. Pode, contudo, acontecer que, mesmo sendo legítima a autoridade de quem declara a guerra e justa a causa, ela venha a tornar-se ilícita por causa da intenção depravada. Pois, diz Agostinho: O desejo de danificar, a crueldade no vingar-se, o ânimo encolerizado e implacável, a fereza na revolta, a ânsia de dominar e causas semelhantes são as que, nas guerras, são condenadas pelo direito.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. - Como diz Agostinho, toma da espada aquele que, sem ordem ou licença de qualquer poder superior e legítimo, se arma para derramar o sangue de outrem. Aquele, porém que, sendo pessoa privada, toma da espada, por autoridade do príncipe ou do juiz, ou, sendo pessoa pública, o faz por zelo de justiça e como por autoridade de Deus, esse não toma da espada por sua própria resolução, mas porque lhe foi cometida por outrem. Por isso, nenhuma pena lhe é devida. ­- Nem, entretanto, os que tomam da espada pecaminosamente, sempre são imolados por ela; e contudo, sempre por ela perecem, porque, pelo pecado de terem se servido dela serão eternamente punidos, se não fizerem penitência.

RESPOSTA À SEGUNDA. - Os referidos preceitos, como diz Agostinho, devem ser sempre observados, para a preparação da alma, de modo que estejamos sempre preparados a não resistirmos ou a não nos defendermos, se for necessário. Mas às vezes devemos agir de outro modo, por causa do bem comum ou mesmo para bem daqueles com quem lutamos. Por isso, Agostinho diz: Devemos agir muitas vezes com certa benigna asperidade, mesmo contrariando os recalcitrantes. Pois, é vencida utilmente aquele a quem privamos da licença da iniquidade; porque nada é mais infeliz que a felicidade dos pecadores, que os fortalece na impunidade e robustece a má vontade, como um inimigo interior.

RESPOSTA À TERCEIRA. - Também os que movem guerra justa buscam a paz. Por isso não contrariam senão à má paz, que o Senhor não veio trazer à terra. Conforme a Escritura. Por isso diz Agostinho: Não buscamos a paz para provocar a guerra, mas fazemos a guerra para alcançar a paz. Por isso, quando fizeres guerra sê pacifico, para, vencendo os que guerreias, os conduzires à utilidade da paz.

RESPOSTA À QUARTA. - Os exercícios dos homens que visam a arte da guerra não são universalmente proibidos, senão só os desordenados e perigosos que dão lugar a mortes e depredações. Ora, entre os antigos, os exercícios para a guerra se realizavam sem tais pengos; e por isso chamavam-se meditações das armas ou guerras sem sangue, como está claro em certa epistola de Jerônimo.

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